"A gente espera realmente que o período difícil, de resistência à implantação das ciclovias de mobilidade ativa, fique no passado", disse Irineu Ramos, do Pé na Estrada Bike Clube

Irineu liveDario 11 11Irineu participou do lançamento do projeto - Foto: Carlos Bassan/Secom Prefeitura

A Prefeitura anunciou, nesta quinta-feira, 11/11, a implantação de quatro trechos de ciclofaixas para integrar as ciclovias ao Corredor do BRT Campo Grande. A luta dos/as cicloativistas por uma ciclovia na Avenida John Boyd Dunlop (JBD), travada desde 2012, ganhou força a partir de 2019, quando ficou evidente que a obra do BRT não incluía ciclovia.

Daí a "satisfação" expressada pelo representante dos/as ciclistas durante a live de lançamento do projeto. "É uma mudança, uma virada de página, uma quebra de um paradigma, porque a gente passou aí os últimos anos ouvindo que não era viável", disse Irineu Ramos, coordenador do grupo Pé na Estrada Bike Clube.

De acordo com o projeto apresentado, os quatro trechos de ciclofaixas são: Jardim Florence / Pirelli (3,7 km), Jardim Garcia / Londres (2,1 km), Jardim Aurélia (0,9 km) e Satélite Íris / Pirelli (0,7 km), o que totaliza 7,4 km de extensão. (veja abaixo os trajetos)

"As ciclofaixas serão integradas a terminais e estações do BRT Campo Grande e contarão com paraciclos e bicicletários", divulgou a Prefeitura, destacando que "os projetos serão viabilizados com recursos municipais, com previsão de finalização em seis meses".

Participaram da live de lançamento o secretário de Transportes, Vinicius Riverete; o presidente da Emdec, Ayrton Camargo e Silva; o Diretor de Planejamento e Projetos da Emdec, Wilson Folgozi de Brito; o vereador Otto Alejandro, que representou a Câmara Municipal; e o representante do Pé na Estrada Bike Clube, Irineu Ramos.

Segurança dos ciclistas
Durante o lançamento, Dário Saadi disse que este é um "primeiro lote de ciclofaixas", destinado a ligar pontos até o Corredor da JBD que apresentam demandas de ciclistas. "Outras rotas estão sendo estudadas para ligar ciclovias existentes aos Corredores BRT. Esses estudos consideram, em primeiro lugar, a segurança dos ciclistas", anunciou o prefeito.

Ao Informa Campinas, Irineu Ramos disse que a ciclofaixa não é a primeira opção dos ciclistas, "mas ela costuma ser a opção mais rápida, barata e menos burocrática, dependendo do contexto local". Quanto à segurança, Irineu conta que a ciclofaixa Pirelli-Sírios tem sido respeitada pelos motoristas e que, até agora, não foram registrados abusos ou acidentes no seu trajeto.

"Mas, realmente, o risco é maior pela ausência de barreira física. Um automóvel desgovernado pode facilmente invadir a ciclofaixa e atingir o ciclista. Geralmente as ciclofaixas são provisórias. Elas chegam, garantem a segurança dos ciclistas, aumenta a adesão de novos ciclistas enquanto se insere na geografia local. Depois de consolidadas, costuma ocorrer a transformação em ciclovia segregada", explica.

No caso do trecho da John Boyd Dunlop no Florence, ele informa que, apesar de constar como ciclofaixa, haverá ciclovias e ciclofaixas. "Onde há espaço no canteiro, será construída ciclovia, como na frente da Pirelli, por exemplo".

Proposta tímida
Falando sobre a importância das ciclovias na John Boyd Dunlop durante a live da Prefeitura, Irineu lembrou que esta é a via em que mais morrem pessoas hoje no trânsito, por isso "o ciclista, o pedestre têm muito a ganhar com a humanização, a pacificação desse corredor".

Mas "a proposta ainda é tímida", afirmou o cicloativista, porque ela não consegue atender todo o corredor. "É um passo necessário e o possível no momento. A gente espera muito que o canal continue aberto, que, com o diálogo e abertura para ouvir as propostas dos cicloativistas, a gente imagina que possamos contribuir para que outros trechos sejam contemplados e que novas soluções surjam".

Segundo ele, "muitas vezes, as soluções vêm quando há interesse, quando se vai atrás da proposta, quando se busca a implementação. Quando há resistência, nenhuma solução é possível". Agora, disse ele, a gente espera "ansiosamente que os novos trechos ali, ainda muito perigosos, como, por exemplo, a descida da V8 e a passagem ali do Garcia para o Enxuto, também possam no futuro ser contempladas, e a gente espera que esse futuro seja em breve".

Sobre ouvir os cicloativistas, a Prefeitura divulgou que a proposta da Setransp / Emdec foi discutida com representantes dos seguintes grupos: Pé na Estrada Bike Clube, Coletivo de Ciclistas de Campinas, Bike Anjo Campinas, Massa Crítica Campinas, Ciclo Ativo Campinas, Grupo Pangarés, Pedal Nível 1,53, The Brothers, Pé Di Vela Bike e Doidos da Bike, além do Canal Campo Grande, Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT) e Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema).

Confira os trajetos das novas ciclofaixas:
Florence/Pirelli: será sinalizada entre a Avenida Nelson Ferreira de Souza, passando pela Estação BRT Rossin e seguindo até a Estação BRT Florence. Ela se articula à ciclovia Pirelli / Sirius e atenderá aos bairros Jardim Florence I e II, Residencial Sirius, Residencial Cosmos e Núcleo Residencial Parque da Amizade.

Garcia/Londres: começa na Rua Castelnuovo e segue pelas vias José Rosolem (marginal Av. JBD) e Ibirapuera, passando próximo à Estação BRT Garcia. Atenderá aos bairros Jardim Garcia, Jardim Londres e Vila Padre Manoel da Nóbrega.

Aurélia (início das obras previsto para dezembro): será sinalizada ao longo da Avenida Império do Sol Nascente, desde a altura da Avenida Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, conectando-se à ciclovia “José Simari Ferreira” (Aurélia), até a Estação BRT Aurélia.

Pirelli/Satélite Íris: dará continuidade à ciclovia Pirelli / Sirius e à ciclofaixa Florence / Pirelli, pela marginal da Avenida JBD, abrangendo o trecho entre a Rua Lúcio Esteves e o Terminal BRT Satélite Íris. Atenderá aos bairros Jardim Florence e Satélite Íris.

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