Com faixas e apitos, grupos de ciclistas se juntaram na noite desta quarta-feira, 22/09, em defesa do uso de meios mais saudáveis de locomoção

Bicicletada 22 09 6O Pé na Estrada Bike Clube, da região do Campo Grande, trouxe a sua principal reivindicação - Foto: Irineu Ramos

O Coletivo de Ciclistas de Campinas (Cocicam), com apoio da associação Ciclo Ativo Campinas, articulou e mobilizou diversos grupos de ciclistas para a bicicletada do Dia Mundial Sem Carro. O objetivo do evento neste dia, 22 de setembro, foi chamar a atenção para a necessidade de reduzir o uso de carros, com a adesão a meios de locomoção mais saudáveis para as pessoas e para o meio ambiente.

Além disso, alguns grupos colocaram também o objetivo de reivindicar mais espaço e segurança para se exercer o direito de pedalar na cidade de Campinas. A Bicicletada começou em diversos bairros, com os grupos partindo em direção ao centro.

Reunidos no Largo do Rosário, por volta de 20h30 cerca de 300 ciclistas saíram pela Avenida Francisco Glicério, seguiram pela Rua Conceição, passaram pelo Centro de Convivência e Prefeitura, retornando pela Benjamin Constant até o Largo do Rosário e dispersando cada grupo de volta ao seu bairro.

Durante a passagem dos/as ciclistas, algumas ruas ficaram totalmente bloqueadas pela Emdec, outras apenas parcialmente. Segundo Irineu Ramos, coordenador do grupo Pé na Estrada Bike Clube e membro do Coletivo de Ciclistas, foram dezenas de grupos confirmados previamente e outros compareceram sem confirmar presença.

Bicicletada 22 09 4Grupos de ciclistas e cicloativistas de diversos bairros de Campinas se reuniram no Largo do Rosário antes de iniciarem o trajeto - Foto: Irineu Ramos

Participaram da bicicletada os grupos Garapaaas, Mete Marcha, Pangaré's, Domingueiras, Pé-na-estrada Bike Clube, CBC, Ecos Bikers, Aqui Pedala, Pedal Brothers Bike, Perdidos no mato, The Brothers, Raízes do Pedal, Pebaláticos, Pedal de leve, entre outros. O grupo KB2 Olhos que Guiam, composto por pessoas com deficiência visual, também participou de toda a atividade.

Para Irineu, embora o número de participantes pareça pequeno, a avaliação é positiva. "Considerando a situação pandêmica, o curto período de divulgação e o frio atípico, podemos dizer que o resultado é muito positivo, o que sinaliza para um aumento do número de ciclistas na cidade", afirma.

Pandemia e ciclovias
O crescimento "acelerado" do uso da bicileta em Campinas, principalmente nos dois últimos anos, de acordo com Irineu, se deve a dois fatores: a pandemia e a implantação de mais ciclovias na cidade. Para ele, houve uma alteração de comportamento causada pela pandemia, "tanto para evitar o transporte coletivo, quanto para a prática saudável de atividade física ao ar livre e em família".

O aumento de preço dos combustíveis também influencia, conforme analisa o coordenador do Pé na Estrada, mas não é o principal fator, porque a tarifa de ônibus não subiu neste período. Já o crescimento da rede cicloviária tem um papel importante, pois as ciclovias acabam atraindo um público mais vulnerável, como crianças, mulheres e idosos. "Ainda que pequenas e localizadas, as ciclovias representam um convite aos novos ciclistas. As contagens revelam um aumento vertiginoso de usuários nestas ciclovias recém-instaladas", destaca.

Quanto ao número de pessoas que vão de bicicleta para o trabalho, segundo Irineu, tem sido observado um aumento desde 2015, quando o Pé na Estrada Bike Clube começou a fazer a contagem de ciclistas na Avenida John Boyd Dunlop. Na comparação entre 2015 e 2021, o aumento chega a 120%. Veja os dados da contagem de 06/05/2021, realizada no ponto Pirelli da JBD:

"Em 2015, a média era de 1 ciclista a cada 2:50 minutos ou 35 ciclistas em 100 minutos. Em 2019, chegamos a 1 ciclista a cada 1:50 minutos ou 54 ciclistas em 100 minutos. Na contagem de hoje, tivemos a média de 1 ciclista a cada 1:20 minutos ou 77 ciclistas em 100 minutos. Um aumento de 120% quando comparado com 2015 e de 43% em comparação com 2019", divulgou o grupo, reforçando que "não dá mais para aceitar que a avenida com a maior concentração de ciclistas em Campinas permaneça sem a #CiclovianoBRT".

Dia Mundial Sem Carro
De acordo com informações da Agência Brasil e da revista Espaço Aberto, da Universidade de São Paulo (USP), a data foi criada na França em 1997. No ano seguinte, já teve a adesão de 35 cidades francesas. O movimento se estendeu por toda a União Européia, sendo adotado o dia 22 de setembro em vários países do continente já no ano 2000.

No Brasil, o movimento chegou em 2001, envolvendo 11 cidades: Porto Alegre, Caxias do Sul e Pelotas (RS); Piracicaba (SP); Vitória (ES); Belém (PA); Cuiabá (MT), Goiânia (GO); Belo Horizonte (MG); Joinville (SC) e São Luís (MA). A cidade de São Paulo aderiu em 2003.

Em Campinas, o Dia Mundial Sem Carro passou a ter atividades a partir de 2004, juntamente com outras dezenas de municípios brasileiros, entre os quais Guarulhos, Londrina, Natal, Santos, Vitória, Campo Grande, Aracaju, Joinville, Niterói, Salvador e Teresina.

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