Reivindicações têm como ponto central o pagamento da PLR, além dos dias parados e condições de trabalho; paralisação já dura 29 dias

Greve MRV 1 1 11 08Foto: Divulgação | página do Sinticon
 
(Texto atualizado às10h20 da quinta-feira, 12/08, para inclusão das informações enviadas pelo TRT-15 e às 17h34, da quarta-feira, 11/08, para acrescentar o posicionamento da MRV)

Em assembleia na manhã desta quarta-feira, 11/08, os trabalhadores da MRV Engenharia decidiram continuar em greve. Como não houve acordo na audiência de conciliação, realizada no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15) nesta terça-feira, 10/08, a greve deve ir a julgamento.

Iniciada no dia 13/07, a paralisação já dura 29 dias. Neste período, três reuniões de negociação foram realizadas, uma na Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região (MPT-15), uma diretamente entre o Sindicato dos Trabalhadores e o advogado da MRV e, por fim, a audiência de conciliação no TRT-15, novamente sem acordo.

Ocupação
A assembleia desta manhã foi realizada após os diretores do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Campinas e Região (Sinticon), juntamente com um grupo de aproximadamente 200 trabalhadores, saírem de dentro da obra do edifício Imperial Garden, na Vila Industrial.

A "ocupação" do canteiro de obras se deu, segundo o Sinticom, porque a MRV contratou empreiteiras para substituir os trabalhadores em greve, dando continuidade ao trabalho. Além disso, a empresa chamou a polícia "e começou a forçar situações para que os caminhões ficassem entrando e saindo aqui", conta Jucelino Souza de Novaes Junior, diretor do Sinticon.

"Contrataram empresas terceirizadas para poder fazer o nosso trabalho. Foi aí que se deu a ocupação, porque aqui do lado de fora a gente não estava conseguindo ter ações muito efetivas. Então a gente foi lá para dentro da obra para poder convencer esses trabalhadores a descer", destaca Jucelino, lembrando que toda a ação foi pacífica.

Por meio de um acordo interno com a administração da obra, cerca de 20 trabalhadores terceirizados deixaram o local, e os trabalhadores da MRV que estão em greve também saíram do prédio em construção. Depois, do lado de fora, todos comemoraram, com palmas, a saída dos que estavam dentro da obra.

Para os diretores do Sindicato, o problema neste momento está sendo a colocação de empreiteiros para tocar as obras no lugar dos trabalhadores em greve. Ao final da assembleia, nesta manhã, os trabalhadores fizeram uma passeata até outra obra da construtora no Complexo Vila Garden, o edifício Ilha Bela, para também tentar negociar a saída de terceirizados.

Sem conciliação
De acordo com o Sinticon, na audiência desta terça, 10/08, no TRT-15, não houve acordo porque a empresa fez a proposta de pagar 650 reais de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e compensação de 50% dos dias parados, não aceitando discutir qualquer outra proposta.

"Por parte do Sindicato, a gente manteve a posição do salário nominal, pelo menos, com abono dos dias parados", diz Jucelino. A proposta de pagamento de um salário nominal como PLR para cada trabalhador tinha sido feita pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-15ª Região) e conta com aprovação da assembleia dos trabalhadores.

A partir daí, conforme relata Jucelino, "foi feito um esforço do Tribunal e um esforço do Sindicato para tentar resolver a situação". Ele conta que o Tribunal fez uma proposta intermediária, de a empresa pagar 750 reais de PLR. Como a MRV não aceitou, foi encerrada a audiência de conciliação com a indicação de que o processo poderá ir a julgamento.

Atualizações
MRV: Por meio de sua assessoria de imprensa, a MRV enviou ao Informa Campinas, no final da tarde desta quarta-feira, 11/08, a seguinte nota sobre a greve:

"A empresa informa que está sempre aberta ao diálogo com os representantes da categoria e desde o início da greve vem tentando negociar um acordo com o Sindicato. Atualmente, a situação aguarda a decisão do Judiciário.

"A companhia reafirma sua preocupação com o bem-estar de todos os seus colaboradores e o seu compromisso com a segurança e por boas condições de trabalho em suas obras.

"Por fim, reitera ainda que, apesar da questão estar pendente de decisão do Judiciário, a empresa continua aberta às negociações e empreendendo todos os esforços para que consigam resolvê-la o quanto antes".

TRT-15: Na manhã desta quinta-feira, 12/08, a seção de imprensa do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região enviou ao Informa Campinas a informação de que, "como não houve acordo, o processo foi distribuído e será levado a julgamento na Seção de Dissídios Coletivos do TRT-15. Ele tem como relatora a desembargadora Maria da Graça Bonança Barbosa". Informou também que ainda não há data para o julgamento.

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