Para os/as conselheiros/as de Saúde, restrições poderiam ser retiradas apenas com a média de 100 casos por dia; média atual é 300

Fiscalizacao Eduardo Lopes 18 08Força-tarefa do Comitê de Enfrentamento à Covid fez fiscalização na quarta-feira, 18/08 - Foto: Eduardo Lopes/Secom-Prefeitura

"Nós, do Conselho Municipal de Saúde, continuamos recomendando muita cautela e que as restrições sejam levantadas apenas na medida em que o número de casos caia a valores tão baixos quanto os do ano passado (uma média de 100 casos dia por 3 ou mais semanas), idem para o número de óbitos (1 em média por dia, por 3 ou mais semanas) e que tenhamos pelo menos 50% da população vacinada (2 doses ou dose única)".

Esta é uma das conclusões do Boletim divulgado nesta quinta-feira, 19/08, pela Secretaria Executiva do Conselho Municipal de Saúde de Campinas. Com o título "Sobre a retomada das atividades com 100% de ocupação dos espaços e a Variável Delta em Campinas", o Boletim inicia sua análise com a afirmação: "a Prefeitura de Campinas renunciou ao controle da pandemia, entregando-a cada indivíduo".

A avaliação foi feita a partir do decreto publicado no Diário Oficial da terça-feira, 17/08, em que a Prefeitura autoriza a abertura de atividades comerciais, de serviços, religiosas, culturais, esportivas e de lazer, com 100% da capacidade e sem horário limite.

"Embora persistam as recomendações e protocolos para manutenção do uso de máscaras e distanciamento de um metro entre as pessoas, a fiscalização será impossível. Ou seja, fica à responsabilidade de cada um fazer as restrições recomendadas", afirma o documento.

Para os/as conselheiros/as, confiar apenas nas atitudes individuais é um risco, porque elas se baseiam em informações insuficientes, resultando no chamado "efeito sanfona", ou seja, o número de casos atinge "picos altíssimos", depois tem queda, novo crescimento, nova queda, como tem acontecido em todo o País.

"A falta de outros indicadores, tais como taxa de transmissão do vírus, proporção de positivos em relação aos testados, taxa de internação pela doença, entre outros, passava a sensação à população de uma situação sempre melhor que a realidade, diz o texto, lembrando que os conselheiros sempre criticaram a Prefeitura por antecipar a flexibilização "tendo como principal critério a ocupação de leitos de UTI e pressionada pelo comércio".

Variante Delta
No Boletim, a Secretaria Executiva do Conselho analisa o que está ocorrendo em outros países com vacinação mais adiantada, como os Estados Unidos, onde o número de casos teve uma queda até o mês de junho, quando atingiu 12 mil por dia, estando agora com 130 mil casos por dia.

Cita também a situação de Israel, Austrália e Europa, todos com volta de restrições neste mês de agosto, incluindo novos fechamentos rigorosos (lockdown), devido ao aumento vertiginoso do número de casos a partir da disseminação da variante Delta.

Em Campinas, de acordo com gráficos colocados no documento, há uma tendência de queda do número de casos e óbitos nas últimas seis semanas. Isto, junto com o avanço da vacinação - cerca de 65% da população tomou a primeira dose e aproximadamente 28% já está com a imunização completa -, indica "uma melhora crescente da situação".

Entretanto, diz o Conselho, "os números atuais, com uma média de 300 casos por dia, ainda são piores que o melhor momento da pandemia em novembro de 2020, quando atingimos uma média de 100 casos por dia". Quanto aos óbitos, também há uma tendência de queda desde meados de junho, chegando-se à média de sete mortes por dia, número que, segundo os conselheiros, está bem acima do verificado no mês de novembro/2020, quando a média era de apenas 1 (um) óbito por dia.

Prefeitura recomenda
Em divulgação feita pela Prefeitura na segunda-feira, 16/08, Dário Saadi lembrou que as pessoas com sintomas respiratórios ou de gripe não devem participar de eventos ou frequentar estabelecimentos.

“Estamos avançando na vacinação e devemos continuar a manter os cuidados básicos. A grande maioria da população está seguindo as regras, o que possibilitará o retorno ao que tínhamos antes da pandemia. O resultado que temos hoje é um esforço de todos”, afirmou o prefeito.

De acordo com a divulgação, para a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea von Zuben, a flexibilização exige maior responsabilidade individual, “principalmente com a circulação da variante delta, que é mais transmissível”.

Na quarta-feira, 18/08, a Prefeitura informou que a força-tarefa do Comitê de Enfrentamento à Covid realizou fiscalização em 17 estabelecimentos, na Rua 13 de Maio, no Centro de Campinas. "Um deles foi autuado pelo não fornecimento de máscaras em número adequado aos funcionários".

O objetivo da força-tarefa, segundo a Prefeitura, "foi orientar a população sobre a necessidade de manutenção das medidas sanitárias, mesmo com a flexibilização de tempo e capacidade do comércio".

Leia o texto completo do boletim do Conselho: Boletim Nº. 27–19 de agosto de 2021

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