Formada pela AEDHA, Cesd e Sorri Campinas, Rede Lab Inclusão trabalha há três anos pela empregabilidade de pessoas com deficiência

ConectaIn 1Lançamento da Conecta-In foi realizado em live do Ministério Público do Trabalho e Fundação Feac

Neste dia 21 de setembro, Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, a Rede Lab Inclusão lançou uma plataforma virtual com o objetivo de "conectar pessoas e suas habilidades a oportunidades de trabalho". A plataforma Conecta-In (http://conecta-in.org.br/) pretende oferecer assessoria para os dois lados da relação de emprego, as pessoas com deficiência e também as empresas.

A apresentação da Conecta-In aconteceu durante a live "Avanços e retrocessos: a luta da pessoa com deficiência no mercado de trabalho", promovida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-15ª Região) e Fundação Feac, na tarde desta terça-feira, pelo canal da Fundação Feac no YouTube.

Além da procuradora do MPT-15ª Região, Danielle Olivares Corrêa, também participaram da live Marco Antonio Pellegrini, Flavio Gonzalez e Eduardo Henrique Tedeschi. Marco Antonio, que é consultor em acessibilidade, inclusão e políticas públicas e fundador do coletivo Vida Independente, falou sobre o tema “Luta pelos direitos da pessoa com deficiência no Brasil”. Flavio Gonzalez, psicólogo e executivo de negócios sociais do Instituto Jô Clemente, abordou a relação entre ESG e Lei de Cotas. Por fim, o psicólogo e coordenador do Serviço de Proteção Social Básica da AEDHA (Guardinha), Eduardo Tedeschi, fez o lançamento da plataforma Conecta-In.

A Rede Lab Inclusão é formada pela Associação de Educação do Homem de Amanhã (AEDHA-Guardinha), o Centro Síndrome de Down (Cesd) e a Sorri Campinas. O Cesd e a Sorri trabalham com inclusão de pessoas com deficiência na contratação pela CLT, e a Guardinha, atualmente, trabalha com o Programa Jovem Aprediz na cidade de Campinas.

ConectaIn 2Eduardo Tedeschi, da AEDHA (Guardinha), apresentou a plataforma Conecta-In

Conecta-In
Representando a Rede Lab Inclusão e a Associação de Educação do Homem de Amanhã (AEDHA-Guardinha), Eduardo Tedeschi disse que a ideia do Conecta-In surgiu em 2020, quando caiu drasticamente o número de inclusões de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A plataforma na internet ainda está em desenvolvimento para que seja "completamente acessível".

A proposta, segundo Eduardo, é de continuar o trabalho com emprego apoiado que já vem sendo feito pela Rede Lab Inclusão, mas levando o emprego apoiado para os meios virtuais. Para isso, na plataforma a pessoa com deficiência deve ter acesso a todos os links necessários para realizar formações e capacitações, de forma que consiga ter "um pouco mais de estrutura e propriedade para entrar no mercado de trabalho". Ao mesmo tempo, a plataforma também vai oferecer formações para as empresas.

"Se nós trabalharmos apenas o lado das pessoas com deficiência, nós estamos trabalhando na perspectiva do emprego apoiado. Nós precisamos trabalhar algo que vá fortalecer os dois contextos, porque nós sabemos que as empresas têm, em diversos momentos, um desconhecimento do que é esse trabalho de inclusão de PcD, olhando daquela perspectiva do modelo social", disse Eduardo, explicando que "modelo social" é olhar a pessoa "pela sua capacidade e não pela sua deficiência, olhar pelo que ela tem competência para fazer e pensar o perfil desse indivíduo".

Após indicar quais são as propostas iniciais de conteúdos tanto para as pessoas com deficiência como para as empresas, Eduardo finalizou com a exposição dos objetivos colocados pela Rede Lab Inclusão ao criar a Conecta-In: ampliar campos de acesso para o emprego apoiado e a Rede Lab no País; diminuir as barreiras para pessoas com deficiência e empresas; e criar cursos com acessibilidade para pessoas com deficiência.

ConectaIn 11Para a procuradora, o 21 de setembro "é um dia de a gente pensar o que pode fazer para mudar a atual realidade"

30 anos da Lei de Cotas
Na abertura do evento, Danielle Olivares Corrêa, que é procuradora e coordenadora regional da Coordigualdade (Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação do Trabalho) no MPT-15ª Região, fez um balanço do acesso das pessoas com deficiência ao mercado formal de trabalho durante a vigência da Lei 8.213, a chamada Lei de Cotas, que está completando 30 anos em 2021.

De acordo com Danielle, hoje o Brasil vive uma realidade bem diferente daquela que havia há 30 anos. Como muitas pessoas com deficiência tiveram, neste período, acesso à escola inclusiva e à saúde especializada, "atualmente existe um grande contingente dessas pessoas que têm os requisitos básicos para serem absorvidas no mercado formal de trabalho".

Mas as dificuldades ainda persistem. Citando um estudo do Núcleo de Pesquisa do Mercado de Trabalho e Pessoa com Deficiência, do Cesit da Unicamp, Danielle mostrou que, em 2007, as pessoas com deficiência ocupavam 0,9% do total de empregos formais no País. De 2008 a 2011, houve uma queda, passando a ser de 0,7% a fatia dos empregos ocupada pelos trabalhadores com deficiência.

"Depois passamos a um aumento gradual, no decorrer dos anos até 2019, e hoje nós chegamos nesse patamar de 1,1% do total dos empregos formais, mostrando que, em parte, a chamada Lei de Quotas foi importante para o aumento gradativo dessas contratações, mas que o caminho ainda é longo para a gente percorrer", disse a procuradora do MPT.

Segundo Danielle, na área de abrangência da Procuradoria da 15ª Região (municípios do interior e do Litoral Norte do Estado de São Paulo), as empresas com mais de 1.000 empregados são responsáveis por 46.971 vagas para trabalhadores com deficiência. Entretanto o número de contratações preenche apenas 48% das vagas disponíveis.

Para ela, diante da pandemia e das sucessivas crises econômicas pelas quais o Brasil passa, é preciso "haver uma maior conscientização do empresariado brasileiro quanto à valorização da diversidade no ambiente de trabalho também sob o aspecto da inclusão do trabalhador com deficiência e do trabalhador reabilitado". Isto não apenas porque é uma obrigação legal, "mas porque hoje o valor agregado de uma empresa, de uma corporação, também inclui a excelência na governança em boas práticas ambientais e em boas práticas sociais".

Assista ao vídeo da live: Avanços e retrocessos: a luta da pessoa com deficiência no mercado de trabalho

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