Julgamento do direito à demarcação de terras, marcado pelo STF para a quarta-feira, 25/08, já mobilizou 117 povos, de 20 estados

Brasilia 23 08Representantes de povos indígenas estão chegando de todas as regiões nesta segunda-feira, 23/08 - Foto: APIB

A Kamuri - Indigenismo e Sustentabilidade, ONG de Campinas que reúne indigenistas e apoiadores das causas indígenas, lançou na tarde desta segunda-feira, 23/08, uma nota de apoio ao acampamento “Luta pela Vida”. O movimento foi deflagrado ontem em Brasília pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e organizações parceiras.

"É com imenso orgulho que testemunhamos a impressionante mobilização dos povos indígenas – até o momento são estimados 4 mil indígenas, de 117 povos de 20 estados –, que vêm chegando de todas as regiões brasileiras, para a concentração montada na Praça da Cidadania, onde deverão permanecer até o dia 28", afirma a Kamuri.

Embora as danças e cantos entoados em várias línguas indígenas, em seus diversos aparatos cerimoniais, pareçam transformar a capital do país em uma grande aldeia festiva, relata a ONG, eles não estão ali "para celebrar as conquistas adquiridas na Constituição de 1988, mas para defendê-las dos golpes que pretendem anulá-las".

Julgamento do século
O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para esta quarta-feira, 25/08, o julgamento de um processo que é considerado pelo movimento indígena como o "mais importante do século sobre a vida dos povos ancestrais do nosso País". Neste julgamento, será analisada a ação de reintegração de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povo Xokleng, referente à Terra Indígena Ibirama-Laklãnõ, onde também vivem os povos Guarani e Kaingang.

De acordo com a Kamuri, a decisão deste julgamento terá status de “repercussão geral”. Isto significa que "servirá de diretriz para a gestão federal e todas as instâncias da Justiça no que se refere aos procedimentos demarcatórios". 

Para pressionar contra uma decisão desfavorável, segundo a nota, "as lideranças indígenas vão organizar plenárias, manifestações públicas, e visitas a embaixadas e órgãos federais".

"Durante toda a mobilização, estaremos unidos em um grande abraço simbólico, e juntamos as nossas vozes a todos que lutam pelo respeito aos direitos dos povos indígenas e pelo fim das ações genocidas empreendidas pelo governo federal e seus apoiadores nas demais instituições", destaca a Kamuri.

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