Desde a volta da coleta seletiva, em setembro/2020, cooperativas estão conseguindo material para trabalhar apenas dois ou três dias por semana

Imagem: Reprodução | página do Comitê de Solidariedade aos Catadores de Campinas

"As cooperativas de materiais recicláveis estão sofrendo com a falta de material", diz a Cooperativa Santo Expedito em sua página no Facebook. E faz um apelo: "pedimos para que as pessoas, que moram ao redor de alguma cooperativa, separem seu reciclável". As trabalhadoras e trabalhadores da São Expedito solicitam também que cada família verifique em quais dias da semana passa o caminhão da coleta seletiva no seu bairro.

Já o Comitê de Solidariedade aos Catadores de Campinas fez uma campanha, no mês de março, visando a retomada da separação de recicláveis por parte dos moradores de Campinas. Em vários posts seguidos nas redes sociais, foi indicando os endereços das Cooperativas e Ecopontos do Município, onde se localizam os Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), assim como trazendo orientações sobre os aspectos ambientais, humanos e de cidadania relacionados com a reciclagem.

"Existem ações que podemos fazer enquanto políticas públicas efetivas não sejam implementadas. E a primeira delas é criar o hábito da separação daquilo que é reciclável e daquilo que não é, e mais importante que criar o hábito, e compreender a situação em que nos encontramos em relação aos resíduos, entender quem são os sujeitos atuantes nessa categoria e entender qual o nosso papel enquanto cidadãos", diz a campanha do Comitê.

Devido à pandemia, a coleta seletiva foi suspensa pela Prefeitura no ano passado, assim como o trabalho nas cooperativas de reciclagem, por um período de quase seis meses, de 27 de março até 21 de setembro. Os EcoPontos ficaram abertos, mas apenas para receber entulhos de construção e outros objetos. Os materiais recicláveis passaram a ser descartados junto com o lixo orgânico.

Após ações do Ministério Público do Trabalho (MPT) e uma manifestação de protesto das catadoras e catadores em frente da Prefeitura no dia 14 de agosto, a administração municipal anunciou, em meados de setembro, que a coleta seletiva seria retomada, e os 16 EcoPontos voltariam a receber material reciclável. A coleta voltou a acontecer, e as cooperativas foram reabertas, mas sem uma campanha de divulgação ampla junto à população.

Comitê de Solidariedade
No início de setembro/2020, surge o Comitê de Solidariedade aos Catadores de Campinas. A iniciativa, que reúne 10 das 12 cooperativas de reciclagem existentes em Campinas, conta com o apoio da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP/Unicamp) e do Sindicato dos Químicos. O objetivo, segundo as organizadoras, é "construir uma rede de apoio aos catadores e catadoras da cidade".

No ano passado, além de reuniões online abertas para conquistar mais pessoas dispostas a participar, o Comitê realizou uma campanha visando arrecadar recursos para ajudar as cooperativas no custeio da manutenção de equipamentos e no pagamentos de dividas acumuladas durante período em que ficaram paradas.

Neste momento, diante da demora na contratação das cooperativas por parte da Prefeitura (das 12 que estão em operação na cidade, apenas duas estão contratadas) e da falta de uma campanha que incentive os moradores de Campinas a fazerem a separação do material reciclável no lixo doméstico, o Comitê passou a fazer suas próprias campanhas, seja de esclarecimento sobre o que é ou não reciclável e como fazer a separação, seja de informação sobre os locais em que se pode levar os recicláveis e de sensibilização da população para que passe a fazer isso.

De acordo com o Comitê, a cidade encaminha para a reciclagem pouco mais de 5% dos resíduos recicláveis: "das 8 mil toneladas de resíduos recicláveis coletadas por mês, Campinas recicla apenas 472 toneladas (cerca de 6%), através do trabalho das cooperativas e ecopontos".

Mais informações: página do Comitê
Texto de apresentação do Comitê (20/09/2020): Sejam Bem-vindas(os) ao Comitê de Solidariedade aos Catadores de Campinas-SP

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