Fundadoras da Associação de Promotoras Legais Populares (PLPs) Cida da Terra falam sobre sua história nas lutas e labutas da categoria

Tela live PLPs 25 04Imagem: Reprodução | página do Ponto de Leitura Ana Fonseca no Facebook

Em comemoração ao Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas, 27 de abril, o Ponto de Leitura Ana Fonseca realizou um evento online neste domingo, 25/04, com a participação de várias mulheres que têm "muita história pra contar" como trabalhadoras da categoria, como sindicalistas e também como Promotoras Legais Populares (PLPs).

Com a coordenação de Regina Teodoro, o evento contou inicialmente com a apresentação do livro-reportagem sobre Anunciação Marqueza, intitulado "Uma Marqueza entre as Domésticas". No livro, as autoras Andréa Nuñez e Heloíse dos Santos trazem também fatos históricos da organização das trabalhadoras por meio da figura de Laudelina de Campos Mello, precursora da luta e da organização das domésticas em Campinas e no Brasil.

Para Marqueza, o livro foi muito importante, porque divulgou o sindicato. "A nossa luta foi divulgada, o pessoal ficou sabendo da nossa organização, o livro serviu para isso, para dar as informações", disse Marqueza.

Ana Semião, que esteve na articulação da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) desde os seus primeiros momentos, falou sobre a fundação da federação, em 1997, "que deu visibilidade para as trabalhadoras domésticas, naquele momento nós dizíamos que éramos quase 7 milhoes".

Relatou também a importância da ida da Fenatrad a Genebra, na Suíça, para a 99ª Conferência Internacional do Trabalho, da OIT, em 2010, que teve como como tema o trabalho doméstico. Depois, em 2011, voltou a Genebra, para a 100ª Conferência [que ratificou a Convenção 189, sobre o trabalho decente para as Trabalhadoras Domésticas no mundo].

"A gente nunca pensou que fôssemos chegar tão longe, com nosso trabalho de base, que começou aqui em Campinas. A primeira sede da federação foi aqui no nosso sindicato, e a gente chega em Genebra com nossa pauta de reivindicações, que norteou aquela conferência", conta Ana Semião, destacando o fato de estas lutas terem culminado na PEC das Domésticas, que legalizou os direitos da categoria.

Atuação como Promotoras
Segundo Ana Semião, foi em 2009 que as diretoras do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas foram convidadas a fazerem um grupo de promotoras legais populares: "a gente achou fantástico, nosso sindicato foi a base das primeiras conversações, foi o local onde a gente podia se reunir". Para ela, foi muito importante juntar os "dois instrumentos", porque, o Sindicato já atendia todo tipo de violência e fazia o enfrentamento para defender os direitos trabalhistas das mulheres.

"Quando nós nos formamos como promotoras, aí não tinha pra ninguém. Naquele momento, nós tínhamos um volume de quase cem mulheres no sindicato. Então foi muitíssimo importante, como promotoras, a gente poder dizer da violência contra as mulheres não só no local de trabalho mas em qualquer espaço que elas estivessem".

Outra trabalhadora, Maria Mathilde Alves, contou que começou como doméstica aos oito anos de idade, em Fortaleza, no Ceará, onde não tinha salário, só tinha roupa para vestir e comida. "Aos 14 anos, a minha mãe arranjou outro marido e foi embora, e eu fiquei em Fortaleza, trabalhando em casa de ricos. Daí, como criança eu apanhava dos patrões e das crianças". Mesmo depois de se tornar adulta, ela diz que foram tempos muito ruins, porque sofria todo tipo de abusos nas casas em que trabalhava.

Mathilde diz que fez o curso de PLP em 2009 e que não parou mais de atuar. "Começava um curso, eu estava nele, começava outro curso, eu estava nele. Então, foi um aprendizado muito grande". E conclui: "Me sinto bem de dizer que sou PLP. O que é ser PLP? Eu sou formada em alguma coisa? Sou, sou Promotora Legal Popular. Essa é a única formação que eu tenho".

Clique para ler o livro sobre Anunciação Marqueza: Uma Marqueza entre as Domésticas
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