Para manifestantes, Lei Maria da Penha está sendo "desidratada"; protesto aconteceu na manhã deste sábado, 07/08, em frente à 2ª DDM

Ato 07 08 GMP 1 1Grupo de Mulheres na Periferia: um dos coletivos que participaram da manifestação

"Nem uma a menos, vida nós queremos!" Com este grito, representantes de vários coletivos e entidades dos movimentos de mulheres iniciaram a manifestação na manhã deste sábado, 07/08, na frente da 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (2ª DDM). Além de comemorar os 15 anos da Lei Maria da Penha, o Ato "Violência contra a mulher é crime" pediu mais rigor no cumprimento da legislação e também mais políticas públicas para as mulheres.

"Nós nos reunimos aqui, para a gente fazer a memória desse momento grave que estamos vivendo: a Lei Maria da Penha está sendo desidratada", disse Lourdes Simões, coordenadora da Marcha Mundial de Mulheres - Campinas. Lourdes lembrou que, só no início do mês de agosto, três mulheres foram vítimas de feminicídio na região de Campinas e que o número de feminicídios tem aumentado.

Para ela, é necessário propor e cobrar das autoridades mais políticas públicas de combate à violência contra a mulher. "As denúncias de violência aumentaram mais de 157% aqui na nossa região", afirmou Lourdes, defendendo que "uma vida sem violência é direito de todas as mulheres".

Domingas Cunha, do Grupo de Mulheres na Periferia, citou o caso de Cibele Almeida, que foi vítima de feminicídio em Campinas na madrugada do dia 1º de agosto, para dizer que "a Lei Maria da Penha é uma lei muito boa, mas tem que ser cumprida com mais rigor". Segundo Domingas, também existem outras formas de violência, que são consequência da situação econômica, do desemprego, da falta de acesso à moradia, ao transporte, à saúde.

"Esse Grupo de Mulheres na Periferia significa que nós estamos ainda à margem daquilo que nós temos direito, que é a questão de moradia, de um transporte digno, da escola para os nossos filhos, então, nós estamos ainda na periferia, esse é o sentido do nome", explica Domingas. De acordo com ela, o objetivo do grupo é lutar por todos os direitos: "A luta é essa, é moradia, é contra a violência, é por transporte, é pela educação, é por esses direitos básicos que a mulher tem".

Como diretora do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas, Domingas conta também que "a maioria delas é quem traz o ganho para casa, para sustentar os filhos". Só que o machismo do homem não deixa ele entender isso. "Então a mulher trabalha o dia inteiro e chega em casa, ela que vai por o sustento dentro de casa e ainda é violentada, ainda sofre violência porque ele não entende isso, ele não aceita".

E, com a pandemia, a crise econômica e a falta de acesso ao trabalho e à renda, essa situação vem piorando muito, conforme avalia Domingas, deixando a mulher mais frágil e exposta à violência:

"Muito fragilizada. Então essa é a nossa luta, que tem que buscar força, ampliar e fazer com que outras companheiras entendam que esse é o caminho: tirar esse governo que está aí, porque ele não gosta de mulher, não gosta de ninguém, ele é um governo de morte. Tirar esse governo que está aí e lutar para que dias melhores a gente tenha", destaca.

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