Representantes da sociedade civil no Conselho de Política Cultural avaliam como "inaceitável" uma postagem considerada racista e classista feita por Alexandra Capriolli

Comcult Nota 08 11Imagem: Divulgação | página do ComCult

Já são mais de 50 entidades e coletivos que assinam a Nota de Repúdio lançada pelo CoMCult (Representação Popular do Conselho de Política Cultural de Campinas) neste domingo, 07/11, que continua aberta a subscrições em sua página na internet.

O documento é assinado pela presidente do Conselho Municipal de Política Cultural, Andrea Aparecida de Jesus Mendes, em nome de todas/os representantes populares no órgão. Nele, o CoMCult relata que a secretária de Cultura, Alexandra Capriolli, postou em seu perfil no Instagram um comentário que discrimina e desqualifica o Rap.

De acordo com a nota, no vídeo publicado por Alexandra, ela aparece ao lado do filho, dentro de um carro da marca Porsche, ironizando o fato de ele estar dirigindo um carro de luxo e escutando música de um Rapper. "Adianta ter Porsche e escutar música de Mano", disse Alexandra.

"A música de 'MANO', como é chamado o Rap pela secretária, vai muito além de música, é uma mistura de cultura e movimentos sociais que ajuda a população periférica a expor sua liberdade de comunicação e os sentimentos relacionados às políticas sociais das favelas", afirma o texto, lembrando que este movimento cultural negro, nascido nas periferias estadunidenses, "tem em Campinas um grande legado de nível nacional e internacional".

Racismo
Para o CoMCult, além de afetar diretamente os membros e adeptos do Rap e do Hip Hop, a postagem discriminatória contribui "para a manutenção dos códigos que classificam a cultura preta e periférica como subculturas". E isto é "inaceitável", principalmente por se tratar de uma gestora pública de política cultural, destaca a nota de repúdio.

"A postagem da Secretária revela vários problemas, porém, a desqualificação da Cultura Preta é muito grave, pois, o racismo é uma ideologia nefasta que tira milhares de vidas todos os anos. Embora nem toda forma de racismo seja letal, é nas brincadeiras ou piadas mais 'inofensivas' que o racismo se reproduz e se propaga", explica.

Reconhecendo que "as redes sociais são uma espécie de praça pública virtual e por isso não são uma 'terra sem lei'", a carta do CoMCult alerta para o fato de que todo o conteúdo das redes está sujeito a julgamentos e à  legislação, esperando-se dos usuários o uso do bom senso ao interagir virtualmente, "ainda mais se este usuário ocupar cargo público, em especial na Cultura".

Por fim, o documento "repudia qualquer fala racista e classista que se direcione contra um gênero musical legítimo como o Rap ou contra seus adeptos" e manifesta "solidariedade e respeito à classe da Cultura Hip Hop e Culturas Pretas da nossa cidade, que ainda seguem marginalizadas".

Veja o documento completo: Nota de repúdio do ComCult