Assassinato ocorrido em 10/04 ainda não foi esclarecido pela polícia; apelo às autoridades já conta com centenas de assinaturas

Jamaica 2 08 05Foto: Reprodução - página da Marcha Zumbi dos Palmares

A publicação de um documento com o relato do crime e um apelo por justiça, feita pela militante do movimento negro Edna Almeida Lourenço, no último sábado, 08/05, vem conquistando cada vez mais apoio de entidades, coletivos, lideranças e participantes da comunidade negra e das lutas antirracistas de Campinas e de todo o Brasil.

De acordo com o relato, Wagner Luiz Alves, conhecido como "Jamaica", foi assassinado no dia 10 de abril, no Espaço The Garden, baleado por um homem que conseguiu fugir e até agora não foi localizado. Jamaica estava participando de uma reunião no local, juntamente com outras oito pessoas, entre elas a senhora Edna Almeida Lourenço.

A reunião tinha como objetivo discutir os procedimentos para o registro de uma ONG "que pretendia trabalhar com a juventude negra e a comunidade periférica". As/os participantes ficaram no local do meio dia e meia até o final da tarde, quando, após o grupo terminar de jantar, o homem começa a atirar nos presentes. Conforme o documento publicado por Edna, o atirador seria um mecânico que estava ali para consertar o carro do dono do Espaço The Garden.

"Em um determinado momento, ele se aproxima da mesa e começa os disparos. As pessoas correm, algumas se escondem dentro do próprio estabelecimento e outras correm para fora, incluindo o Wagner que é atingido com um tiro, na frente do estabelecimento", conta a esposa de Jamaica, Cristiane Dias.

Entendido como "crime praticado contra negros e negras", os disparos contra o grupo e o assassinato de Jamaica colocam perguntas que, segundo o movimento negro, precisam ser respondidas. "Queremos respostas sobre a motivação do crime que levou o atirador atacar pessoas, que ele não conhecia, que encontrou pela primeira vez, que em momento algum ofenderam sua honra; queremos resposta do PORQUE ele queria matar os militantes? A mando de quem?".

Entre as centenas de grupos, entidades, instituições e pessoas que subscreveram o documento  até esta segunda-feira, 10/05, estâo: Grupo Força da Raça, Ile Ase Oba Adakedajo Omi Alado, Conselho da Comunidade Negra, Mãe Sueli Galerani e Pai Joãozinho TVB - Terreiro da Vó Benedita do Congo, Pastoral Afro Arquidiocese de Campinas, Comunidade Jongo Dito Ribeiro, Associação de Religiosos das Comunidades Tradicionais de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac), CEPIR - Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial, Promotoras Legais Cida da Terra. Na página da Comendadora Edna Almeida Lourenço, você pode ver a lista completa.

Comprometido com as lutas da comunidade Preta
Reproduzimos, a seguir, trechos do texto publicado por Edna Almeida Lourenço:
"Wagner Luiz Alves - Mutalengunzo, 37 anos, homem Preto, nascido na periferia de Campinas, venceu as adversidades, enfrentadas por jovens pretos, conquistando duas graduações universitárias: sistemas de informação e ciências da computação.

"Foi servidor público do Tribunal Regional do Trabalho, Artista visual, rapper fez parte do grupo Elementos MCs, militante do movimento negro, pai Ogã da casa Inzo Dià Musambu Kaiango MBoti Ofulá, Afro empreendedor fundador da grife de moda afro Djumbo – Fortalece a Autoestima, com sua esposa, marca é a precursora nesse seguimento, recebendo vários prêmios de reconhecimento pelo trabalho de enaltecimento a cultura negra.

"Conhecido como Jamaica, sempre foi compromissado com a africanidade, suas criações permeavam sobre os temas protestos contra o extermínio da juventude negra ao pertencimento da ancestralidade africana. Um exímio pesquisador da literatura africana e da diáspora. Sempre comprometido em transmitir seus ensinamentos a todas as pessoas com uma didática afetiva.

"Prêmios de Reconhecimento: Diploma Zumbi dos Palmares, Troféu e Medalha Força da Raça, Troféu Arte em Movimento. Além de participar das exposições coletivas Pretitudes no Museu da Imagem e do Som e da Exposição Preta na Estação Cultura ambos em Campinas".

Clique para ler o documento completo, que continua aberto a assinaturas de apoio:
QUEREMOS JUSTIÇA! O CRIME PRATICADO CONTRA NEGROS E NEGRAS NO DIA 10 DE ABRIL, QUE RESULTOU EM PROJÉTIL ALOJADO, FERIMENTO E TRÁGICA MORTE DE WAGNER LUÍZ ALVES - JAMAICA NÃO PODE CAIR NA IMPUNIDADE!