Com estiagem prolongada, baixa umidade do ar e altas temperaturas, Defesa Civil diz que situação é "muito crítica" em Campinas

Queimadas 22 08Devastação: novas queimadas se encontram com anteriores - Foto: Reprodução | vídeo do Grupo de Proteção Ambiental do Campo Grande

A Defesa Civil de Campinas emitiu um alerta de agravamento no risco de incêndios até a quinta-feira, 26/08, devido aos momentos de calor intenso na região e à previsão de chegada de chuva só na sexta-feira, 27/08.

"Estamos em uma situação difícil e é preciso tomar todas as medidas de prevenção, já que a probabilidade de ocorrência de incêndios é máxima", disse o diretor da Defesa Civil, Sidnei Furtado, destacando que a região está "no pior período da estiagem".

Além da destruição de áreas florestais, pastos, hortas e lavouras, junto com a baixa Umidade Relativa do Ar (URA), os incêndios se tornam um problema de saúde pública, pois pioram a qualidade do ar. Segundo a Defesa Civil, às 11h20 desta segunda-feira, o índice de URA estava em 18,8%.

Em divulgação feita nesta segunda-feira, a Prefeitura citou a existência de uma lei municipal (nº 16.024/2020) que proíbe provocar incêndios para preparar terreno ou fazer limpeza de mato e lixo orgânico. "A multa começa em R$ 19 mil e, a depender da magnitude e extensão, pode aumentar. A legislação fica mais rigorosa no período da estiagem, tendo os baixos índices de umidade do ar como agravantes", alertou.

Rodeados por fogo
"Eram 11 horas da manhã, tinha muito mais incêndios, mas muito mesmo, incêndio adoidado na estrada do Profilurb, árvores caídas, destruiu toda a vegetação, lá tem um corredor ecológico, destruiu tudo, deu dó, e só tinha quatro bombeiros, duas viaturas de bombeiros e dois voluntários, foi triste", conta Marcos J. Oliveira, coordenador do Grupo de Proteção Ambiental do Campo Grande.

De acordo com Marcos, nesse incêndio do domingo, 22/08, o fogo chegou perto de Indaiatuba: "a gente estava rodeado por fogo, não tinha mais o que fazer, sem apoio, sem voluntários, só duas viaturas de bombeiros, quatro combatentes, mas o caminhão dos bombeiros não entra em lugar onde não tem nem estrada, não tem como combater, aí a gente precisava priorizar as casas".

No último final de semana, o Grupo de Proteção Ambiental trabalhou no combate de cinco incêndios, mesmo tendo passado o dia todo do sábado fazendo o Curso de Formação de Brigada Voluntária de Combate a Incêndios Florestais da APA do Campo Grande. No início da noite de sábado, segundo Marcos, foram três incêndios no Campo Grande. Depois, outro no Vida Nova, próximo do Cemitério dos Alemães. No domingo, foi esse na Estrada Profilurb, na região do Ouro Verde, onde o Grupo teve de priorizar as casas das fazendas e deixar os bosques queimando.

Entendendo que, para não sofrer com a destruição causada pelos incêndios, a população precisa ter mais consciência, o Grupo retomou em 2021 a campanha "Não coloque fogo no mato, coloque no seu rabo!". Marcos, administrador do grupo de facebook "Campo Grande em Ação", que tem 15,7 mil membros, posta na rede social os vídeos dos incêndios junto com a chamada da campanha.

Mas, além de apagar incêndios e chamar a atenção das pessoas que ainda colocam fogo em mato ou lixo, o coordenador do Grupo faz um apelo à Defesa Civil: precisam "voltar a trabalhar no combate a incêndios na época de seca. Eles informam que só podem trabalhar com convocação dos bombeiros. Eu vi ontem, várias vezes, os bombeiros pedindo apoio e não vindo apoio nenhum", avalia.

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